Infiltração de pontos-gatilhos musculares

Infiltração de pontos-gatilhos musculares

Assim com os bloqueios anestésicos de nervos periféricos, a inativação de pontos-gatilhos musculares também é um procedimento realizado há muitas décadas voltado para o tratamento das síndromes miofasciais, ou seja, dores que possuem origem nos músculos e na fáscia (tecido conjuntivo que os reveste).

Pontos-gatilhos musculares são percebidos clinicamente por nódulos discretos, endurecidos e dolorosos à palpação, numa faixa tensa localizada num músculo. Sua causa não é muito bem definida, porém acredita-se que seja um conjunto de fatores que os provoquem, tais como: utilização inadequada da musculatura, sobrecarga muscular, postura estática prolongada (ex: manter o pescoço inclinado por tempo prolongado), etc. Uma das características típicas dos pontos-gatilhos musculares é a irradiação da dor à distancia do ponto onde o mesmo está localizado (ver figuras a seguir). Isto quer dizer que nem sempre a causa da dor está no local onde a pessoa a sente.

A frequência de pontos-gatilhos musculares, que caracteriza o que conhecemos como síndrome dolorosa miofascial, é elevadíssima em pessoas que sofrem com dores crônicas, acometendo até cerca de 90% deles. Desde a década de 70 já se falava da presença de pontos-gatilhos musculares na região do pescoço em pacientes que sofrem com enxaqueca. Atualmente sabe-se que realmente há uma relação significativa entre ambas as condições, onde 80-90% dos pacientes com enxaqueca apresentam dores no pescoço, com repercussão muscular.

O tratamento da síndrome dolorosa miofascial e de seus pontos-gatilhos musculares inclui: analgésicos, antiinflamatórios, antidepressivos, exercício físico, acupuntura, fisioterapia e inativação de pontos-gatilhos musculares.

 

 

A inativação de pontos-gatilhos musculares pode ser realizada com ou sem medicação. Sem a utilização de medicação, a técnica é conhecida como agulhamento a seco (dry needling). Quando se opta por utilizar medicação, geralmente a escolha é pelo anestésico local, lidocaína numa concentração de 1 ou 2%.

Os músculos onde mais comumente são realizados os procedimentos são: na cabeça, os músculos temporais; na parte anterior do pescoço, os músculos esternocleidomastoideos; na parte posterior do pescoço, os músculos paravertebrais cervicais; nos ombros e costas, os músculos trapézios e romboides.

Os efeitos adversos são semelhantes àqueles dos bloqueios anestésicos de nervos periféricos, pois também se utiliza a mesma medicação (lidocaína).

Referências: Ferracini GN, Chaves TC, Dach F, Bevilaqua-Grossi D, Fernandez-de-las-Penas C, Speciali JG: Relationship between active trigger points and head/neck posture in patients with migraine. Am J Phys Med Rehabil 2016; 00:00-00.

Ashkenazi A, Blumenfeld A, Napchan U, Narouze S, Grosberg B, Nett R,  DePalma T,  Rosenthal B,  Tepper S, Lipton RB; Interventional Procedures Special Interest Section of the American. Peripheral nerve blocks and trigger point injections in headache management – a systematic review and suggestions for future research.

Headache. 2010 Jun;50(6):943-52.

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