Aplicação de Botox para dores de cabeça
A Onabotulinum toxina A foi inicialmente desenvolvida na década de 1970 para correção do estrabismo. No decorrer do tempo foi se percebendo que esta neurotoxina produzia outros benefícios para diversas condições clínicas, tais como: espasticidade, distonia, hiperidrose, bexiga hiperativa e dor. Em 2010, o uso da toxina botulínica do tipo A foi aprovado pelo órgão americano regulador de medicamentos, a Food and Drug Administration (FDA), para tratamento da enxaqueca crônica.
A única indicação bem estabelecida, por enquanto, para o uso da Onabotulinum toxina A no tratamento das dores de cabeça é para enxaqueca crônica. Um estudo realizado para tratamento da enxaqueca episódica (menos de 15 dias de dor de cabeça por mês) mostrou que o uso da toxina botulínica obteve efeito semelhante ao do grupo placebo (tratamento fictício). Por este motivo não se indica a toxina botulínica em pacientes portadores de enxaqueca episódica.
Atualmente existe um protocolo específico para se realizar a aplicação da Onabotulinum toxina A para enxaqueca crônica, o qual é conhecido como PREEMPT, sigla que se refere a uma fase do estudo que o lançou: The Phase III REsearch Evaluating Migraine Prophylaxis Therapy. A dose recomendada é entre 155 a 195 unidades de toxina botulínica, em pontos já pré-determinados pelo protocolo.
Este é um tratamento seguro, pois raramente há efeitos adversos graves e sistêmicos (ou seja, em outras partes do corpo além do local onde foi injetada). Os efeitos adversos mais comuns são: dor no pescoço (4,3%), dor no local da injeção (2,1%), queda da pálpebra (1,9%) e fraqueza muscular local (1,6%).
Diante de um difícil cenário onde a enxaqueca crônica se encontra, devido às limitações de opões terapêuticas, a aplicação de Onabotulinum toxina A se mostra uma segura e eficaz opção de tratamento para esses pacientes.
Referências: Escher CM, Paracka L, Dressler D, Kollewe K. Botulinum toxin in the management of chronic migraine: clinical evidence and experience. Ther Adv Neurol Disord. 2017 Feb; 10(2): 127–135. doi: 10.1177/1756285616677005