Cefaleia é o termo técnico para a velha e conhecida dor de cabeça, que é uma das principais queixas da humanidade e o principal sintoma neurológico. Estima-se que mais de 95% da população mundial terá pelo menos um episódio de cefaleia ao longo da vida. Considera-se cefaleia toda e qualquer dor que acomete a região acima da linha orbitomeatal, ou seja, acima dos olhos e das orelhas, até a região da nuca. As dores abaixo da linha orbitomeatal até a mandíbula, considera-se dor facial e aquelas nas regiões abaixo da linha da nuca e da mandíbula, dor cervical
Figura 1: Delimitação entre a dor de cabeça, a dor facial e a dor cervical.
As cefaleias afetam pessoas de todas as idades, raças, níveis socioeconômicos e é mais comum em mulheres. Alguns tipos de cefaleia são extremamente incapacitantes e promovem impacto importante na vida do paciente, como por exemplo a enxaqueca, enquanto que outros tipos embora sejam relativamente comuns, não trazem grande incomodo ao indivíduo, tal como a cefaleia tensional.
Há mais de 250 tipos distintos de cefaleia. Dentre esses tipos, podemos dividir em dois grandes grupos: primárias e secundárias. Cefaleias primárias são aquelas em que a cefaleia é a própria doença, ou seja, não há uma outra doença que a justifique, nenhuma alteração na estrutura do sistema nervoso, os exames laboratoriais e de imagem são normais, assim como o exame físico e neurológico também são normais. Nesses casos o que ocorre é uma alteração no funcionamento de algumas áreas do cérebro, geralmente de origem genética, que predispõe os pacientes a desenvolverem os sintomas.
As cefaleias primárias são subdivididas em: enxaqueca, cefaleia do tipo tensão, cefaleias trigêmino-autonômicas (a principal representante é a cefaleia em salvas) e outras cefaleias mais raras.
Já em situações de cefaleias secundárias há uma doença por trás que está provocando este sintoma. As cefaleias secundárias geralmente possuem um início recente, e coincidem com o aparecimento da doença de base (a causadora do problema). Normalmente estão associadas com anormalidades no exame clínico e os exames laboratoriais e/ou de imagem podem apresentar alterações e confirmar o diagnóstico.
As cefaleias podem ser secundárias a: infecção (ex: meningite, abscesso cerebral), traumatismo craniano e/ou cervical, problemas vasculares intracranianos e/ou cervicais (ex: hemorragia subaracnóidea, dissecção arterial), alterações intracranianas não vasculares (ex: hipertensão intracraniana idiopática, tumor cerebral), substâncias (ex: cafeína, analgésicos), problemas no nariz, olhos, boca ou dentes.
A diferenciação entre cefaleia primária e secundária é extremamente importante tanto para definir a necessidade de realização de exames complementares, quanto para ajudar no planejamento terapêutico.